"Sou eu que começo ou é você que começa? [...] Sou eu que começo! [...] E eu começo como? Eu vou falando por ordem cronológica ou o que me vier na cabeça?"
(Mercedes, personagem de Lília Cabral - Divã, 2009)

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Sob o negativo - novo início

terça-feira, 1 de abril de 2008

[Leia o capítulo I aqui e o II aqui]

Já tinham se passado quase quinze dias que Rodrigo enviara a carta. Ele ficou pensativo e muito expectativo nos primeiros dias decorrentes mas, a falta de notícias dela extinguiu seu comportamento de esperar. Quer dizer, extinguiu em termos pois, apenas publicamente Rodrigo não esperava mais.

Quinze dias passados e ela apareceu. Estava quieta e com os olhos mareados. Rodrigo ao vê-la ficou sem voz e tratou de marear teus olhos também. " eu a amo tanto...", pensava Rodrigo arrependendo-se de algumas palavras que havia escrito na carta.

Ela disse que precisava responder pela carta. Rodrigo disse que sim, ela precisava. Ela perguntou se podia ser daquele jeito mesmo, sem precisar escrever e endereçar. Ele disse que sim, claro que poderia.

Então ela começou. Chorava muito e Rodrigo também. A impressão é que estavam ambos na eminência de um fim definitivo. Era muito difícil ouvir a voz de Rodrigo, ele estava com um nó muito grande que nenhuma palavra iria conseguir a vocalização.

Ela disse que o amava mas, já que o fazia sofrer tanto, como ele descrevia na carta ela iria embora para nunca mais voltar. Neste momento Rodrigo empalidou-se. Pensava repetidamente "...para nunca mais voltar ?", "...para nunca mais voltar ?", "...para nunca mais voltar ?". Não era isso que ele queria! Isso sempre foi a última coisa que rodrigo queria. Ficar distante dela era o que o machucava, e não a sua presença.

A presença dela sempre foi maravilhosa. Cenário para os mais belos sonhos. Ele sempre se pergunta como ela ainda consegue mexer tanto com ele mesmo depois de tanto tempo.

"...para nunca mais voltar ?"
"É isso mesmo que você quer?" - Rodrigo perguntou esperando que ela dissesse um belo não e caísse logo em seus braços.
"É..." - ela respondeu um pouco reticênte.

Rodrigo sentiu-se como se alguém o tivesse empurrado morro abaixo. "Então quero que saiba que te amo muito e que desejo à você toda a felicidade existente no mundo. Me promete que será feliz?" - Rodrigo falava com muita calma, embora enxugasse frenéticamente suas lágrimas mais doloridas.

Ela respondeu ríspida: "Eu não vou ser feliz. Acredite!" e, imediadamente Rodrigo tentava acomodar esta péssima notícia com " ... vai sim! A vida vai te dar muitas oportunidades maravilhosas!".

Ela dizia que não haveria nada que lhe traria felicidade pois, aquele quem ela amava não conseguira entender seus motivos. Aquele quem ela amava não o conhecia.

Rodrigo sabia que a conhecia. Que conhecia cada detalhezinho do seu menor defeito. Rodrigo sabia exatamente como ela se comportava e sentia bem próximo dele o quanto ela o amava. É recíproco.

Então ela disse em tom de derrota que "...para ficar sem você não preciso mais viver...". Não era chantagem, não era desespero. A voz dela estava certa de que aquela seria a melhor solução para por fim nesse sofrimento que tinha atingido um tamanho imensurável.

E lá foi Rodrigo de novo lançado morro abaixo sem a menor piedade. Se alguma coisa acontecesse com ela Rodrigo jamais se perdoaria. Estava arrependido por não ter escolhido as palavras certas. Ele a amava e a idéia de que ela podia não estar mais ao seu alcance o deixou extremamente transtornado.

Ela virou as costas e saiu correndo em desalento. Rodrigo ficou parado por alguns instantes, que pareceram eternidade, tentando assimilar e acomodar tudo aquilo que ela disse. Quando percebeu ela estava longe demais. Ele ainda assim saiu correndo em disparada chamando por ela. Ela não ouvia mais pelos chamados de Rodrigo e ele ficou desconsolado.

Voltou para sua casa. O quarto, a cama, o travesseiro, estava tudo diferente. Tudo cinza. Pegou o telefone e ligou tantas e tantas vezes que já não lembrava mais outro número que não fosse o número dela.

Não adormeceu. Pode-se dizer que ele atormentou-se a noite toda, sentindo-se responsável por todo aquele mal-estar.

Era o fim como ele prevera. Embora esperasse, detestava reconhecer que era o fim.

No dia seguinte Rodrigo recebe um telegrama e com a voz um pouco rouca soltou reproduzindo as palavras mais simples e mais belas " Eu te amo muito. Não vou te deixar. Precisamos terminar aquela conversa. Não vou fazer nada demais. Fique com Deus. "


5 pessoas quiseram falar também!:

Nathália E. 01 abril, 2008  

Ai que eu fico com o coração na mão!
Quero ler esta conversa! Preciso!

Beijo!

Anônimo,  01 abril, 2008  

É que antes de desligar o pc, sempre vejo se algum blog atualizou.
Daí comento. :)

Beijo!

Anônimo,  01 abril, 2008  

Mary, quase morri de rir, não conhecia esses seus pavores !!! Fico imaginando a cena da vacina e do gato ! rsrsrs bjs

Euzer Lopes 01 abril, 2008  

Isso foi sacanagem...

Escrever um texto destes, e no final surpreender com tamanho alívio?

Que angústia, meu Deus!

Que lindo amor!

Milton 02 abril, 2008  

que bom entom q vc concorda com a gente rsrs


voltá:?

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