"Sou eu que começo ou é você que começa? [...] Sou eu que começo! [...] E eu começo como? Eu vou falando por ordem cronológica ou o que me vier na cabeça?"
(Mercedes, personagem de Lília Cabral - Divã, 2009)

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Sob o negativo

segunda-feira, 17 de março de 2008

-Mas que ninguém me ouça! - pensou Rodrigo ao perceber que balbuciava julgamentos.

As pessoas ao redor lançavam alguns olhares de estranhamento, e Rodrigo continuava falando alguma coisa em baixo tom para si mesmo.

Estava calmo aparentemente. Ardia em angústia e ansiedades. Se pudesse havia feito tudo diferente. É que ele já passou por isso algumas vezes e sabia como ela se comportava, mas o amor que ele sentia, o fazia esquecer de todos os erros e percalços e tentar mais uma vez.

Ela parecia tão mudada, tão disposta, corajosa. Ele estava mais sensato e com isso a relação estava, de certa forma, diferente. Ele queria e sempre quis tentar, insistia ferozmente em sua habilidade de vencer os obstáculos. Ela também, porém o mínimo obstáculo a paralisava. Ele pensava "não é culpa dela", e ela pensava "é culpa minha".

Ambos sentiam que algo perfurante e maravilhoso os tocavam profundamente. Não haveria outra explicação para insistir em tamanhos desencontros. Ou melhor, haveriam outras milhares de explicações se não estas. Mas era esta aí, que principalmente Rodrigo, queria.

Ele queria amar profundamente, declarar-se, entregar-se, fugir se fosse necessário. Ela queria fazê-lo feliz, acima de tudo. Ela tinha muitas coisas para resolver e ele muitas soluções para colocar em prática.

O temor caminhava de mãos dadas ao sentimento belo que sentiam. Tudo é muito perigoso mesmo! Mas o maior perigo era se entregar e isso eles já tinham feito. Que mais podia acontecer? Tudo já tinha acontecido! Encontros e desencontros quase hollywoodianos. Eram muitas cicatrizes. Físicas e emocionais. Era muito tempo, cronológico e sensorial. Porque ainda não era um mar de rosas? Isso era a grande dúvida de Rodrigo.

Ele sempre soubera que nunca seria um mar de rosas. Relacionamentos não são um mar de rosas mas, certeza ele tinha que, não seria um mar de espinhos. Ela era linda, isso ela era. Doce, amável, sensível, muito sensível e medrosa. Se tinha algo que lhe faltava era a coragem. De fato ela perderia algumas coisas ao sair atrás de Rodrigo, porém ganharia outras que nunca conseguiu mensurar.

Ela sumiu de novo. Deixou Rodrigo com um gosto inacabado pela (ultrapassada) décima vez. E ele resmungava: " Eu amo tanto essa mulher!"

[Rodrigo é um nome que será dado ao meu futuro filho (que um dia será concebido) - por enquanto é só fictício]

5 pessoas quiseram falar também!:

Marcelo 17 março, 2008  

Mas isso se parece muito com o que estou vivendo, uau.
O inconsciente coletivo funcionando, doutora? rs.
Eu poderia ter escrito isso exatamente da mesma forma e estaria falando de mim e do meu amor.
Interessante, interessante...

E o amor, para ser bom, não deve ser um mar de rosas porque rosas tem espinhos. Deve ser um mar de orquídeas...

Beijinhos meus.

Marcelo 17 março, 2008  

Depois me indica um livro que explica porque nos apaixonamos-amamos-sofremos-nos apaixonamos-amamos-sofremos, ok?
E não me venha com "100 anos de solidão" e muito menos com "Crime e castigo" heim?

Bj

Aline Ribeiro 17 março, 2008  

Fala serio, vc eh uma espia e sabe da minha historia de vida! rs...

E a frase acima que fala de orquideas, eh de minha autoria! kd os creditos heim mocinho? rum!

Leonardo Werneck 18 março, 2008  

Coitado do Rodrigo...

Quando se ama mesmo, de verdade, não há espaço pra dúvida, medo, dor. A gente se entrega e fim.

Anônimo,  19 março, 2008  

Porque dia 17 seria o nosso dia....

R.

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