"Sou eu que começo ou é você que começa? [...] Sou eu que começo! [...] E eu começo como? Eu vou falando por ordem cronológica ou o que me vier na cabeça?"
(Mercedes, personagem de Lília Cabral - Divã, 2009)

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Agora, psicóloga!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

O texto que segue é o discurso que escrevi e li ontem em minha colação de grau. É um pouco longo e vou compreender quem não tiver paciência de ler!

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Este é um momento muito especial para mim. Saibam que, ao pensar esse discurso, afloraram sentimentos com muitos significados impressos durante a minha formação em Psicologia.

Se por um lado o que eu disser aqui é o retrato de nossa jornada universitária; por outro, ser orador de turma é desenhar palavras que poderiam ser ditas por qualquer um de nós.

Quando se pensa em discurso de formatura, algumas pessoas bocejam e consideram a parte chata da cerimônia. Outras consideram que é a hora de se lembrar de fatos engraçados que só os formandos sabem, e, nesse caso, é o momento de traduzir em palavras nossa vivência integral de cinco anos: a parte chata e a parte engraçada, a parte dura e a parte sensível. E isso, realmente, não é uma tarefa fácil.

Vivemos tudo juntos: trabalhos, seminários, provas, TCC, churrascos, festas, brincadeiras, “Os mais-mais...”. Talvez não tão unidos, mas juntos, com certeza. Tantas coisas aconteceram nesses cinco anos, que fica difícil escolher um ou outro momento como o mais marcante. O fato é que chegamos ao final, formamo-nos psicólogos, e uma turma que antes vivia em pé-de-guerra, agora deixa escorrer as primeiras lágrimas de uma doce saudade.

Lembram-se da disciplina Psicologia do Desenvolvimento? Dessas provas ninguém esquece!! Podemos pensar que, como um bebezinho que se desenvolve pouco a pouco até atingir fases mais elaboradas e autônomas, nós nos desenvolvemos rumo à formação de psicólogo.


Piaget dizia: “os primeiros movimentos são sensório-motores: imita-se, copia-se”. Nós imitávamos, copiávamos e perguntávamos. Era preciso ver para crer.

Quantas vezes colocamos professores em xeque, um contra o outro, questionando as teorias, o vocabulário... Questões que giravam em torno de nosso próprio umbigo, nossas próprias experiências. Era um festival de "meu primo teve isso...", "a vizinha do amigo do meu pai falou aquilo...", “eu já me senti assim...”

Uns apenas passaram por aqui. Nós ficamos. E a psicologia tornou-se o estudo permanente. Então, deram início os movimentos pré-operatórios. Para uma turma como a nossa, essa fase deixou exaustiva a atividade de alguns professores. As “coisas” consideradas verdadeiras, não poderiam ser inverdadeiras. Tudo deveria valer para tudo. Como uma criança que olha e entende apenas uma face da situação, brincávamos que quase todos os nossos problemas (ainda muito centralizado) seriam resolvidos se cada um resolvesse o seu próprio Complexo de Édipo. As “coisas” tinham vida, e os livros tinham responsabilidade pelos nossos saberes. Dizíamos: "Não tem no texto, não podia cair na prova...". “Se não tem no caderno eu não tinha que saber...”.

Viramos estagiários. Não éramos somente alunos e tampouco profissionais. Estávamos em transição. E para ocupar um lugar que praticamente não existia, era preciso coordenar nossos pensamentos, conjugar teoria e prática. Operatório-concreto – é esse o nome que Piaget deu para a fase onde era preciso lidar com situações abstratas. Já éramos quase capazes de fazer análises mais sensíveis. E, quando questionados sobre qualquer assunto, em vez de responder imediatamente qualquer citação, dizíamos: É! Poder ser... Bom, não sei.. quer dizer:Vou perguntar para meu supervisor.

Hoje, comemorando o final, e assumindo um novo começo, curtimos a fase operatório-formal, quando o pensamento hipotético dedutivo é a mais importante característica. Passamos a criar hipóteses para tentar explicar e sanar problemas.

Não podíamos imaginar as coisas que nos aconteceriam. O início foi incerto, confuso e incomum, quando desconhecidos faziam parte de nossas vidas, quando todos os “cantos” teriam histórias escondidas. Aqui passamos bons anos de nossas vidas, fizemos amigos, muitos dos quais nos acompanharão para sempre.

Por isso, temos que comemorar! Esse é um momento especial! É hora de olharmos para trás e vermos tudo o que já passamos. Sem dúvida, muitas tristezas e conflitos, mas, felizmente, inúmeros bons momentos de alegria, de vitórias e de cumplicidade.


Esta turma ‘deu trabalho’ em muitos aspectos, mas também foi motivo de muito orgulho. Sempre respeitando a ética, agindo cuidadosamente. Com regras até demais, é verdade. Assim, refletimos nossos valores. Nessa reflexão, percebemos que há muita coisa que choca, não é? (Alguém topa?)

Devemos valorizar e agradecer àqueles que nos estimularam a ir adiante:
A Deus, pela dádiva da vida, pelo amparo e proteção que sempre nos acompanhou. Muito obrigada.

Aos nossos pais, que nos deram a vida e nos ensinaram a vivê-la com dignidade, que iluminaram os caminhos obscuros com afeto e dedicação para que os trilhássemos sem medo e cheios de esperanças, que se doaram inteiros e renunciaram aos seus sonhos, para que, muitas vezes, pudéssemos realizar os nossos. Pela longa espera e compreensão durante nossas longas viagens, não basta um muitíssimo obrigado. Aos senhores, nossos pais por natureza, por opção e amor, não basta dizer que não temos palavras para agradecer tudo isso. Mas é o que nos acontece agora, quando procuramos arduamente uma forma verbal de exprimir uma emoção ímpar. Saibam: Amamos vocês!

Aos professores, que nos guiaram e nos orientaram com sua sabedoria, que estiveram atentos aos nossos erros e vibrantes com nossos acertos. Dizem que deixamos pedacinhos nossos com cada pessoa que passa pela nossa vida, e, com isso, carregamos pedacinhos delas também. Talvez representemos apenas mais uma turma que parte, mas na partida levaremos saudades e pedacinhos de cada um de vocês e deixamos o agradecimento pela ajuda e dedicação. Muito obrigada.

À Universidade, que nos proporcionou laboratórios e um excelente corpo docente, que incentivou pesquisas e projetos de extensão, que com seu nome nos abriu portas para estágios e cursos extra-curriculares, também os nossos agradecimentos.

Ao nosso patrono, Tom - modelo de profissionalismo e ética, que nos colocou sempre em reflexão, apontando novas faces da história. A ele, que muito contribuiu com sugestões e críticas para nosso aprendizado e evolução como psicólogos e pesquisadores. Professor que colocava as questões que provavelmente teriam respostas óbvias, e que até hoje não tiveram resposta alguma...Muito obrigada!

À professora Elvira, nossa paraninfa, que, como ninguém, exerceu com maestria essa função, colocando-se à disposição de todos; que, com toda ‘delicadeza’, pedia atenção e dedicação aos textos; que nos ensinou a ter paciência enquanto esperávamos as notas e ensinou que aulas duram cinqüenta minutos, ou mais. Querida madrinha: a senhora ‘de fato’ repartiu conosco não somente seus conhecimentos, mas também inúmeros momentos de alegria, amizade e descontração, contribuindo com a nossa formação. Muito Obrigada!

Meu agradecimento pessoal à turma. A vocês, que me mostraram o quanto eu podia ser grande, que me ensinaram a importância de lutar pelo que quero. A vocês meus colegas e amigos, meus agradecimentos e meus sinceros parabéns. Sou uma pessoa e uma profissional melhor ao ter vivenciado tantas coisas com vocês.

Enfim, passamos por muitos processos de modelagem, temos coleções de atos falhos, nos envolvemos com o coletivo e estamos nos aproximando do desfecho. O desfecho nos diz que fechamos a porta do aluno universitário e abrimos a do profissional de psicologia. O profissional que enfrentará a árdua batalha entre a ciência-cuidado-prevenção e o senso comum de ‘cuidar de malucos’. Um profissional que leva na vida pessoal a responsabilidade de ‘ser’ psicólogo (“Ué, você não é Psicólogo?”).

Um profissional que aprenda a ouvir sem julgar, a ver sem se escandalizar e sempre acreditar no bem. Um profissional que, mesmo na contra-esperança, saiba esperar. E quando falar, tenha consciência do peso de suas palavras, dos conselhos e sinalizações. Que as lágrimas que rolarem diante de cada um de nós sejam estímulos para nosso aprendizado.

Caros colegas: aprendemos muito sobre psicologia, ciência e profissão. Não tenho dúvida de que seremos grandes profissionais, porém, resta saber se aprenderemos a lidar com a saudade.
Muito Obrigada!
Parabéns a todos.
Fiquem com Deus...

15 pessoas quiseram falar também!:

Anônimo,  14 fevereiro, 2009  

Parabénss pra você;

:)

*Raíssa 14 fevereiro, 2009  

Deve ser emocionante se formar mesmo! Mal espero pra isso acontecer!

Parabéns! =)

Beijos!

Natália Mylonas 14 fevereiro, 2009  

Ai, tomara que isso aconteça logo pra mim.
Faltam so dois anos .

Beiijos e parabeens pela graduação .

=)

Leonardo Stravalli 14 fevereiro, 2009  

É infelizmente, confesso que não deu tempo pra ler tudo! Mas ficam meus parabéns e muito sucesso pra você!

Grande beijo!

Anônimo,  15 fevereiro, 2009  

Parabéns por mais essa vitória alcançada Mari! Beijão!

Narradora 15 fevereiro, 2009  

Parabéns!
Que novas conquistas venham.
Bjs

Marco Antonio Araujo 15 fevereiro, 2009  

Lindo discurso, Mari. Parabéns pela conquista, já disse antes... mas parabéns mais uma vez. Quando poderei me consultar?

Anônimo,  16 fevereiro, 2009  

Minha amiga é um sucesso!!
Te amo, Mari!!
sauudade de vc!!

Anônimo,  16 fevereiro, 2009  

Minha amiga é um sucesso!!
Te amo, Mari!!
sauudade de vc!!

Natalie Dowsley 16 fevereiro, 2009  

Vim visitar e encontrei seu discurso de formatura. Foi muito bonito! Sou psicóloga tb e tb fui oradora da minha turma... sempre me emociono vendo alguém "falando" de momentos assim! Parabéns pelo seu discurso! Um abraço grande!

C.L. 16 fevereiro, 2009  

Parabéns pela formatura, menina linda!
E pelo texto, claro. E por ter sido a oradora, que isso é uma grande honra e um mérito só seu!

Agora tá explicado o seu sumiço.
Aparece, tá?

BEijooooo

Amanda 16 fevereiro, 2009  

Nossa, que lindo!
Li tudinho...
Parabéns...Que você seja uma profissional de sucesso e que seja feliz exercendo a profissão que escolheu.
Ainda nem entrei na faculdade, mas sonho com o dia da minha formatura!

Obrigado pela visita.
Bjinhus ;*

:) 16 fevereiro, 2009  

Óia que ficou bunitu minina
Li tudinho!

Nathália E. 16 fevereiro, 2009  

Preciso das suas consuuuuuuuultas!
Hahahaha

Beijo!

Camila M. Schuch 16 fevereiro, 2009  

Parabéns...

Final do ano passado tbm me formei, e tive a felicidade de ser escolhida a oradora da turma... Foi um momento lindo...

Teu post me fez lembrar e deu saudades!

Muuuuuuuuuito sucesso pra ti!

Beeijos

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