"Sou eu que começo ou é você que começa? [...] Sou eu que começo! [...] E eu começo como? Eu vou falando por ordem cronológica ou o que me vier na cabeça?"
(Mercedes, personagem de Lília Cabral - Divã, 2009)

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Sob o Negativo - o fim

segunda-feira, 24 de março de 2008

[Leia o primeiro capítulo aqui ]

Rodrigo acordou e virou o travesseiro de lado. Estava úmido e aquilo o lembrava a péssima noite que teve. Chorou calado. Olhava para os lados e no quarto escuro somente se via livros empilhados e roupas jogadas. As roupas só dele, de mais ninguém.

... naquela noite ...

Pensava que poderiam haver mais roupas ali. As dela. Mas não haviam, e as lágrimas rolavam para o travesseiro. Ele lembrava de tudo o que já disseram sobre ela. Lembrava de tudo que ela já havia dito para ele. Ela estava sumida mais uma vez, e ele amargurando uma justificativa qualquer que não havia sido dada.
... Abriu os olhos e levantou ...
O Sol estava baixo mas já era hora de aprontar-se para mais um dia. Não permitiu que uma só lágrima saísse diante do sol. Ficou com todas para si.

Seguiu sua rotina e, foi até o oráculo. Não existiu uma só palavra que o oráculo dissesse que ele mesmo não havia dito para si. Estava tudo mais claro, embora doloroso.

... Cinqüenta minutos e ...
A escolha era dele. Só ele poderia mudar o rumo de seu nó. Deixou que as lágrimas saíssem, uma a uma, dançando sobre seu rosto. Não passou a mão, não enxugou, deixou que elas todas se esvaíssem e carregassem toda aquela dor.

Toda a dor não foi possível, mas o desassossego acalmou-se assim como a bagagem acomoda-se ao primeiro tranco do carro. Rodrigo surpreendeu-se com suas reações. Ele sempre soube o que precisava ser feito, mas nunca fizera. Mas, desta vez, saiu do oráculo decidido.

... Papel e caneta à disposição ...

Rodrigo fez aquilo que sempre soube fazer: escrever para ela.
Talvez a carta mais longa que já escrevera em toda vida. Relembrou mínimos detalhes. Tentou colher os detalhes que mais tocariam. Ela já havia dito que era dos detalhes que ela gostava.
Relembrou de quando era um moleque errante. De bar em bar, boca em boca e ela apareceu lhe mostrando tudo que havia de mais belo em seu coração.
Ela tirou o dragão que protegia aquela fortaleza. Abriu uma porta e muitas janelas, para que a luz do amor entrasse e iluminasse Rodrigo que sempre pareceu muito bem resolvido.
"Eu resisti tanto.." - Rodrigo balbuciava enquanto delineava as letras e derrubava mais e mais lágrimas.
Relembrou os momentos fatídicos. Mais lágrimas. Afinal, não eram os bons momentos que o motivava escrever esta carta. Ela havia sumido novamente e sem motivos, justificativas. O impasse não era o sumiço, e sim o novamente.
... A carta já tomava dimensão de quatro folhas, todas borradas ...
Ele escrevia sereno e tentava deixar isso transparecer nas palavras que escolhia. Embora estivesse muito chateado, Rodrigo pensava muito em tratá-la bem.
Ele poderia ter sumido também e pronto. Mas preferiu ser com ela, como ele desejava que ela fosse com ele. Comportamento admirável vindo de alguém que no ínicio fora muito sacana.
Rodrigo estava mudado. Dizem que um homem amadurece quando sofre por amor. Se essa for a verdade, Rodrigo amadureceu.
... Depois de três horas seguidas, a carta estava sendo dobrada e envelopada ...
Antes de lacrar o envelope e endereçar, Rodrigo leu mais uma vez. E mais uma vez.
Desdobrou-as e decidiu acrescentar:
Um beijo imenso do homem que, era um moleque que, gostava muito e, hoje te ama.
... Sentiu escorrer a lágrima mais amarga de todas ...
Ele sabia que aquele seria o fim. O verdadeiro fim de muitos. Exitou um pouco antes de colocar na caixa de correio. " E se tiver um outro jeito? Se tiver acontecido algo? " - lá estava Rodrigo falando baixo consigo.
"Não! Coloque a carta logo e vá embora!" - falou mais alto como quem precisava convencer a si mesmo de que estava fazendo a coisa certa.
Foi o que fez. Colocou a carta, respirou fundo e, dessa vez, enxugou as lágrimas com uma das mãos. Foi embora. Olhou para trás mais umas duas vezes, mas continuou em frente.
... fim ...

8 pessoas quiseram falar também!:

Marcelo 24 março, 2008  

Todo fim encerra em si um recomeço.
O mundo parece acabar, ficam,os sem chão, sem céu, sem cores e sem esperanças mas, é lindo ver como a natureza conspira a nosso favor nos momentos mais difíceis que atravessamos.
É aquela coisa do tempo, da força e da fé...

Beijos meus.
Texto genial o seu.

Vanessa Lima 24 março, 2008  

Gostei do nome do blog!
Acho que o Rodrigo fez bem em colocar a carta. Ele não pode é desistir do principal, que nem preciso dizer o que eh.

Vanessa Lima 24 março, 2008  

Viver, viver
huhuhuh

Leonardo Werneck 24 março, 2008  

Adorei a cara nova do blog!!

Anônimo,  24 março, 2008  

Mary, aff ! nem sei o que dizer. Não vi como era antes, mas o blog está D++++++++, e os textos, então ..., viajei geral... parabéns, preserve esta mente brilhante, iluminando o caminho de muita gente. bjs da prima que te adimira muito.

Aline Ribeiro 25 março, 2008  

Será realmente o fim? e se ela responder? ou melhor, aparecer assim do nada? tudo vale a pena qdo se pensa positivo!

bjm

Aline Ribeiro 25 março, 2008  

ah, tou linkando-te!

Nathália E. 25 março, 2008  

Se ele não mandasse a carta, certamente morreria por dentro, mais dolorosamente do que já estava morrendo.

Que dor no coração ao ler este texto.
E eu me identifiquei com o Rodrigo na parte do ""Eu resisti tanto.." - Rodrigo balbuciava enquanto delineava as letras e derrubava mais e mais lágrimas."
Eu também já resisti tanto...
Mas no meu caso, está tudo bem agora.

Seu texto foi... nossa... perfeito!

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